quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A articulação do texto / Elisa Guimarães. – 10.ed. – São Paulo : Ática, 2007, 88p. – ( Princípios ; 182).

Resenha Crítica
O obra de Guimarães (1933) traz a nós leitores a concepção de que o texto, por ser a principal unidade de análise a qual dispomos, deve-se constituir como um todo, onde o valor dos elementos utilizados, não pode depender apenas da natureza ou da forma que é própria de cada um, mas também deverá levar em conta o ambiente ao qual o texto está exposto e suas várias relações com o conjunto. Tenta no decorrer da obra reunir o que julga a autora, serem as coordenadas mais importantes no processo de articulação do texto, estando estas reunidas em dois níveis, um que diz respeito a estrutura sintática e o outro que é o da relação semântica. Relacionado a essas duas vertentes são trabalhados procedimentos lingüísticos e discursivos, fatores esses que auxiliam na configuração do texto, muitos deles bem conhecidos por nós como a coerência e a coesão. A autora traz no final do primeiro capítulo do livro uma citação que nos diz muito a respeito de dois pontos importantes para a compreensão do texto, “Contexto e situação – ou referentes textuais e referentes situacionais articulados – compõem a unidade lingüística semântica e pragmática, indispensáveis para conferir ao texto significado pleno” (GUIMARÃES,1933, p.13).
Com isso podemos entender que, não considerar tais aspectos dificultaria e muito a construção de sentido para o texto, pois a compreensão de determinadas palavras ou frases depende em muito do contexto ao qual elas estão situadas. Esta obra tem por objetivo fazer com que o leitor reflita sobre, se não todos, mas os principais elementos lingüísticos e discursivos responsáveis pela articulação do texto dando ênfase a cada um de modo particular. Dentre os pontos expostos está o texto e suas modalidades, onde ela (a autora) faz a relação entre texto e discurso, mostrando os diferentes tipos de discurso propostos pela retórica antiga, tal como R. Barthes, e traz tipologias textuais diversas além das três principais que comumente nós conhecemos: a narração, a descrição e a argumentação. No ponto seguinte trata-se da organização do texto e a articulação dos elementos temáticos, onde ela enfatiza as duas principais espécies de relações que mantém interligados os elementos temáticos que são: as relações lógicas e as relações de redundância. Cabe ressaltar que, a primeira relação (a relação lógica) é condicionante do processo de expansão do texto, já a segunda (a relação de redundância) garante ao texto a sua fixação tornando o tema, iterativo, isto é, repetido no decorrer do texto. Nesta seqüência a autora relata sobre a variação da estrutura temática, visto que, essa estrutura não está restrita apenas à interação entre as unidades significativas, mas estende-se por outros eixos como: as práticas intertextuais, as operações metalingüísticas, e os procedimentos que asseguram coesão e coerência do texto.   
A organização do texto tem como principio básico a articulação de elementos estruturais, uma vez que a estrutura a partir das noções de forma e função ligam suas partes formando um todo bem estruturado, podendo ser dividido em níveis, sejam eles fonológicos ou morfológico, que por sua vez o morfológico consiste na construção da frase escrita, alcançando o nível sintático que se fixam em estruturas de coordenação e de subordinação, onde a  coordenação se manifesta tanto de forma explicita como implícita, independente de sua forma e a coordenação se faz presente nas frases a partir da sua homogeneidade das palavras que formam a frase seguindo uma linearidade das idéias e dos pensamentos em sua construção, havendo-se a coesão e a coerência, podendo  ser caracterizada como uma estrutura compacta devido a seqüência linear na ordenação dos elementos estruturais que facilitam na compreensão do texto, já na estrutura difusa se apresenta de forma distinta da compacta uma vez que as idéias apresentadas nos textos são de forma desordenada, ou seja, não apresenta uma linearidade dos fatos, dificultando a compreensão por parte do leitor.
O texto na íntegra pode ser organizado em sua articulação por elementos temáticos e elementos estruturais, dentre eles podemos destacar o titulo, parte bastante importante na construção do texto, pois é através dele que podemos obter uma prévia sobre o assunto que o texto vai abordar, resumindo as linhas fundamentais do mesmo. O parágrafo é outro elemento de fundamental importância na constituição textual, pois é através dele que podemos organizar melhor o texto, tendo como principio as articulações das idéias fundamentais, ou das relações lógicas que sustentam a linha temática do texto, de forma que tanto o inicio quanto o fim do texto venham a seguir uma sequêncialização. As superestruturas caracterizam os diferentes tipos de textos sejam eles narrativos descritivos ou dissertativos, tanto na perspectiva de significado global do texto (macroestrutura) ou nas relações de frases ou seqüência isoladas (microestruturas).
Portanto, o texto dá-se a partir de um processo articulatório de idéias e suas particularidades que para se ter consistência é necessário elementos capazes de interligar suas partes, como a coesão que deve ser fruto da coerência, bem como a estrutura textual.  
     

Relatório sobre as apresentações de seminário da disciplina linguística II, dirigida pelo professor Jose Cezinaldo R. Bessa.

       No dia 11 de novembro de 2010 o professor Cezinaldo encaminhou o estudo dirigido de textos para apresentação publica e debate, textos esses que foram encaminhados em forma de sorteio para os grupos onde a turma foi dividida em quatro grupos de cinco pessoas e um de seis pessoas, sendo que eles apresentaram-se em dias diferentes. Trabalho esse que teve como objetivo avaliar os alunos quanto à apresentação em publico e também para atribuição de nota para a 2° avaliação do componente curricular.
      Na elaboração desse trabalho cada grupo teve alguns dias para elaborar o esquema de apresentação. Todos os grupos optaram por apresentação em multimídia usando slides para facilitar o entendimento dos colegas. Ao final de cada da apresentação cada grupo fez três perguntas referentes ao tema de apresentação para a turma, de modo a provocar um debate e/ou discussão.
     O primeiro grupo se apresentou no dia 18 de novembro, o tema foi “O que é mesmo a informatividade do texto?”, tirado do livro de ANTUNES, I. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial, 2009, p. 125-140. O grupo formado por cinco alunos discutiu e discorreu do tema de forma clara, mas devido o assunto ser muito complexo e complicado alguns alunos ficaram com duvidas, o grupo falou sobre a informatividade do texto que tem a ver com o grau de novidade e previsibilidade: quanto mais previsível o texto for, menos informativo será o texto para determinado usuário, porque acrescentara pouco às informações que o recebedor já tinha antes de processá-lo, entende-se então que quanto mais cheio de novidade mais informativo. Além disso, trouxeram exemplos de textos de alta informatividade e de baixa informatividade, além de abordar subtítulos referentes ao tema. Ao final da apresentação o grupo não elaborou as três questões, pois não lembraram esse detalhe, mas o professor Cezinaldo fez algumas observações sobre a apresentação, acrescentou alguns pontos, o que completou a apresentação do grupo.
     No mesmo dia 18 o grupo dois apresentou o seu trabalho, o tema foi “A intertextualidade”, com referencias: KOCH, I. G. V. Introdução à linguística textual: trajetória e grandes temas. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 145-157. O grupo de cinco componentes trabalhou o tema de forma detalhada e clara, tema esse que por sua fez já tinha sido trabalhado no período passado facilitando assim a exploração do tema. Alem de conceituarem o tema intertextualidade como condição previa na construção e recepção de determinados tipos de textos, como os resumos, resenhas criticas e etc., ou ainda como “conversas entre textos”, o grupo trouxe exemplos sobre textos que contem a intertextualidade explicita e implícita, além de terem trago um novo tema que ainda não tinha sido trabalhado o détournement que está inserido na intertextualidade implícita onde a pessoa que faz a intertextualidade precisa realizar alterações no texto original como apagar, suprimir ou acrescentar palavras no novo texto. Ao final da apresentação o grupo expôs as questões, a primeira foi “em que consiste o detournement?” a segunda: “que tipo de textualidade se encontra nesse texto (apresentado no decorrer da apresentação)?” e a ultima “onde se encontra a polifonia do gênero reportagem?”, as três questões foram respondidas pelos colegas de forma correta e sob comentários do professor, gerando assim um debate entre todos os alunos.
    Na semana seguinte dia 30 de novembro foi a vez de o grupo três apresentar seu trabalho  com o tema: “Gêneros textuais com referencia: KOCH, I. G. V.; ELIAS, M. Ler e compreender os sentidos do texto. 2. Ed. 2° reimpressão. São Paulo: contexto, 2008, p. 101-122. O grupo formado por cinco alunos discutiu os diferentes tipos de gêneros textuais, sua importância e sua função que é a da pratica sociocomunicativa , ou seja, tem a função de informar ou se comunicar por meio desses gêneros, como, a carta, o blog, o artigo, a charge, tirinha, enfim, a lista é enorme, no trabalho ainda foi discutido a questão da competência metalinguística que é por meio dela que que podemos produzir e compreender gêneros textuais, e até mesmo produzi-los; foram mostrados exemplos dessa competência e ainda de outros subtítulos, como “composição, conteúdo e estilo” dos gêneros textuais, a “hibridização ou a intertextualidade intertextos” e a “heterogeneidade tipológica”, que foram discutidas de forma clara pelos alunos. Ao final da apresentação foram feitas as três questões , a primeira foi: “Para que servem os gêneros textuais?”, a segunda foi “Qual a diferença entre charge e tirinha? “e ultima foi: “O que os gêneros e-mail e blog vêm a substituir?”. As perguntas foram respondidas de imediato pelos colegas, o que mostrou que o tema foi bem discutido e compreendido e terminou com alguns comentários do professor.
   O quarto e ultimo grupo também se apresentou no dia 25 de novembro, eles ficaram responsáveis pelo tema “O texto e a interação verbal”, com referencia: FONTAO, L. O texto e a interação verbal. In: linhas, Florianópolis, V. 9, n.1, p. 129-145, jan./jun. 2008. Disponível em: http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1396/0. O grupo formado por cinco integrantes desenvolveu o assunto de forma objetiva, os alunos falaram sobre a importância da interação verbal e de como ela é importante para o ensino de línguas, pois é mais fácil pro aluno aprender lendo um jornal ou qualquer outra leitura já que ele lendo ele cria sua opinião sobre o assunto e assim ele desenvolve o saber e com isso se torna um critico. Ao final da apresentação foram feitas as três perguntas a primeira foi: “qual a macroestrutura do conto?”, a segunda foi “o que é preciso para que um aluno entre em contato com o mundo e com a língua?” e a ultima foi “como é que o processo de interação verbal pode contribuir para o ensino de letras?”, as perguntas foram respondidas com certo receio e de forma não muito clara, mas com a participação do professor que completou as explicações e as respostas, o texto foi melhor compreendido. E assim encerraram-se as atividades dos estudos dirigidos.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Análise da música: "indios" (Renato Russo) e sua intertextualidade com o "fragmento da carta de Pero Vaz de Caminha".

TEXTO: Fragmento da Carta de Caminha.


(...)
      Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha, quase tiveram medo dela: não lhe queriam pôr a mão; e depois a tomaram como que espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora. Trouxeram-lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do Capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não o queríamos nós entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou as contas a quem lhas dera. Então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir, sem buscarem maneira de cobrirem suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas. O Capitão lhes mandou pôr por baixo das cabeças seus coxins; e o da cabeleira esforçava-se por não a quebrar. E lançaram-lhes um manto por cima; e eles consentiram, quedaram-se e dormiram. (...)
(Pero Vaz de Caminha. In: Maria da Conceição Castro.. Língua e Literatura. vol1. SP:
Saraiva, 1994)

MÚSICA: Índios
Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha

Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda

Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender:
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
É só maldade então
Deixar um Deus tão triste.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.

E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...

Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos obrigado.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos Índios
Não ser atacado
Por ser inocente.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.

E é só você que tem
A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.
(Legião Urbana. Disponível em: www.vagalume.com.br. Acesso em 25/11/2010).

                                                 ANALISANDO:
      O trecho da carta de Caminha e a música Índios tratam do mesmo tema: a chegada dos portugueses ao Brasil, o primeiro contato com os índios, a busca por ouro e a conseqüente exploração da nossa terra. Caminha descreve o primeiro encontro entre os índios e o capitão da embarcação portuguesa na postura de colonizador. O autor da música fala deste e de outros fatos relacionados, porém, sob a ótica do colonizado. O escrivão português demonstrou grande interesse em descrever o povo que habitava a terra nova, numa visão bastante interessante, usando parâmetros da civilização européia, nada adequados à observação de povos indígenas. Na música, é apresentada uma visão bem crítica dos fatos, possibilitada pelo indispensável distanciamento histórico.
Na música, a repetição da expressão ‘quem me dera ao menos uma vez’ traduz talvez o desejo do autor de voltar ao passado e mudar a história, tentar compreender os fatos ou até mesmo demonstrar alguma atitude perante eles e não somente assistir a tudo passivamente. O oferecimento de bugigangas, representadas por espelhos na música, seria o prenúncio de que os portugueses levariam nossas riquezas (pau-brasil, açúcar, ouro...) em troca de quase nada ou nada em troca.
Na sexta estrofe, o conceito da Trindade (um Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo em uma só pessoa) nos remete à catequização dos índios. Para eles, este conceito era tão incompreensível quanto o fato de Jesus ser morto pelo branco (vocês), e Deus, que também é Jesus, continuar vivo e adorado pelos brancos.
Na oitava estrofe se acentua o tom irônico, presente ao longo da música, (seria prova de amizade alguém levar até o que eu não tinha?) quando o autor expressa o desejo de acreditar num mundo perfeito, em meio à hipocrisia de um mundo doente e de pessoas ingratas como se nota na nona estrofe.
Na décima estrofe, estaria o autor dizendo que se os índios não fossem tão inocentes e pacíficos não teriam sido atacados e dizimados pelos brancos?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Repensando a Textualidade, de Maria da Graça Costa Val (FALE/UFMG).


      
No texto “repensando a textualidade” de Maria da Graça Costa Val, podemos perceber que a mesma fundamenta-se em vários autores como: Conte, Isenberg, Schmidt, Beaugrande e Dressler, Halliday e Hasan, Harweg, Koch e Travaglia para compreender o que venha a ser a textualidade, tendo em vista que no âmbito da lingüística textual, a mesma pode ser compreendida como um conjunto de características que fazem com que um texto seja realmente texto, e não apenas uma seqüência de frases, pois é com a lingüística que esse campo tem se fortalecido, ultrapassando os limites da frase.
Para aprimorar esse estudo, foram-se seguindo tendências que distinguiram o desenvolvimento da LT em três momentos tipológicos. A primeira é caracterizada pela analise transfrástica, em especial no que diz respeito à coesão textual, uma vez que quando a frase é tida como unidade máxima de análise, certos fatores não são satisfatoriamente compreendidos. Mudando-se assim o foco da seqüência de enunciados para o todo do texto, seguindo os procedimentos de textualização e de conexão de pressupostos. Já na segunda vertente o texto passa a ser visto como uma unidade lógica de sentido, que no âmbito da coerência textual e da macroestrutura semântica, o mesmo deixa de ser pensado na perspectiva de significados, mas sim em algo estruturado no plano global. Teóricos da área voltaram-se para a construção de gramáticas do texto, muitas delas de inspiração gerativista. Na terceira vertente tipológica se ganha destaque a compreensão de que o texto não encerra nele mesmo, mas se produz na relação desse texto com o contexto em que os falantes se realizam. Alguns princípios foram postulados como constitutivos da textualidade, que definem e criam o comportamento identificável como comunicação textual.
Charolles considera essa discussão entre coesão e coerência ultrapassada. Por isso ele propõe meta-regras de coerência em que procura articular elementos da constituição semântica e formal do texto. Sua primeira meta-regra se chama meta-regra de repetição, e diz que para que um texto seja coerente, é preciso que contenha no seu no seu desenvolvimento, elementos de recorrência escrita, ou seja, tem que haver a reiteração do que foi dito. A segunda meta-regra de Charolles (1978) diz respeito a progressão, que seria o inverso da repetição e continuidade: para que um texto seja totalmente coerente, é preciso que haja em seu desenvolvimento uma contribuição semântica constantemente renovada, ou seja, uma informação nova. Em sua terceira meta-regra, Charolles (1978) se refere a não-contradição, que diz: para um texto ser totalmente coerente, é preciso que no seu desenvolvimento não se introduza nenhum elemento semântico que contradiga um conteúdo posto por um pressuposto ou ocorrência anterior. Essa meta-regra diz respeito a lógica interna do texto. A quarta e ultima meta-regra é a de relação: para que uma seqüência ou um texto sejam coerentes, é preciso que os fatos que denotam no mundo representado estejam diretamente relacionados. Assim essa quarta meta-regra se realiza em termos de uso dos conectivos e articuladores.
“A intencionalidade e a aceitabilidade são definidas como concernentes às atividades, objetivos e expectativas do produtor e do recebedor”. Nesse sentido os autores Beaugrande e Dressler formularam que informatividade não é definida como uma característica do próprio texto, mas avaliada em função do grau de conhecimento dos usuários. Para os autores, informatividade tem a ver com o grau de novidade e previsibilidade: quanto mais previsível, menos informativo será o texto para determinado leitor, pois acrescentará pouco às informações que ele já tinha antes de estudar tal texto. Nessa perspectiva quanto mais interessante e inovador for o texto, mais informativo ele será. “A situacionalidade aparece como um princípio importante para a constituição da textualidade”, deste modo, tal enunciado está longe de se resumir às circunstâncias empíricas em si, ele diz respeito ao modo como os usuários interpretam uma dada situação a partir dos modelos de comunicação social que conhecem.
 O ultimo princípio da textualidade apontado por Beaugrande e Dressler (1981) é a intertextualidade que vem ser a “conversa entre textos”, ou seja, o autor se baseia em outros textos para produzir o seu. A intertextualidade se coloca como condição previa na produção e recepção de determinados textos como os resumos, os parágrafos, as resenhas e etc. Mas, segundo os autores, ela constitui um fator decisivo na produção de qualquer tipo de texto, todo discurso está repleto de ecos e lembranças de outros textos, aos quais responde, refutando-os, completando-os e fundamentando-se neles.
 A partir do momento em que nós interlocutores, passarmos a compreender um determinado artefato como texto, teremos aplicado com êxito, os princípios de textualização e estabelecido uma relação de sentido. Desse modo, podemos dizer que, os fatores de textualidade são mostrados como meios responsáveis por uma boa interpretação e compreensão do texto.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Professor: Profissão Universal

Todos, independentemente da classe social, precisaram do professor para chegar a ser médico, juiz, doutores e outras formaturas e especializações. Porém, os governantes não reconhecem a importância do profissional da educação. E o motivo dessa desvalorização é puramente político. Policiais militares e fiscais da Receita Federal interessam aos governantes porque mantém o povo em ordem e os impostos em dia. Mas professor, motivado, orgulhoso e preparado, transforma uma nação alienada em uma nação de povo consciente, lutador, que não se deixa enganar com demagogias de candidatos oportunistas. E isto os governos não toleram. É este o motivo da desvalorização do professor e do sucateamento da Educação pública no Brasil. Povo analfabeto, presa fácil pra político esperto! Já observaram que tudo o que é implantado para a Escola é complicado, não engrena ou estanca? Resta a nós professores assumirmos nossa tarefa de transformar nossos alunos em verdadeiros revolucionários. Dentro da sala de aula, um professor, mesmo não sendo valorizado e respeitado, pode ser uma bomba para qualquer governo ingenuamente eleito. Nós temos a arma em nossas mãos. Quando vamos começar a usá-la?           

(Autor desconhecido)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

segredo

"O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você."

Mário Quintana

O Amor

"O Amor...

É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!"

Cecília Meireles

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A coesão como propriedade textual: bases para o ensino de texto

     O principal objetivo da linguística textual é estudar todas as propriedades linguísticas que venham a contribuir para a construção de sentido dentro de uma determinada língua ou texto, dando ênfase especialmente aos aspectos da coerência e coesão. Tendo em vista que, a maneira como as palavras são organizadas na superficie do texto, asseguram sua continuidade, a coesão, um dos fatores responsáveis por essa organização, coloca em relação os vários segmentos que constituem o texto. Cabe ressaltar, que a continuidade de um texto advém, não só da forma como as palavras e frases estão organizadas em sua superficie, mas também pelo fato de estarem fazendo uma relação com a realidade que o texto venha a ativar . Por esse viés, a coesão, já definida acima como principal recurso da continuidade de um texto, recebe, assim, uma outra significação, enquanto dispositivo relacionado também com a progressão do texto.
      A coesão, enquanto elemento de construção desse objeto inacabado que é o texto, não busca outra coisa senão, a promover e a assinalar a unidade temática do texto, de forma que o ressulte relevante e apropriado, tanto no ponto de vista cognitivo-linguístico como do ponto de vista pragmático. Porém o estudo sobre o aspecto da coesão textual mostrou-se muito mais amplo que o previsto pelo sistema abstrato da sintaxe, no qual não cabem interferência dos locutores e interlocutores e passou-se a observar também o contexto de produção ao qual é submetido tal texto. Embora um texto não se reduza apenas ao que está escrito, não deixa de ter valor a forma como as unidades linguísticas se organizam. A coesão entra, assim como um recurso dessa organização, em ordem ao estabelecimento da continuidade do objeto de estudo, isto é, da relação que se cria entre uma parte e outra do texto.
       Com base nos princípios defendidos pela linguística textual, espera-se que as escolas possam dar maior ênfase ao texto e suas propriedades linguísticas, principalmente a coerência e a coesão. Pôde-se observar também que apesar da grande importância da coesão para a continuidade do texto, o conhecimento de mundo de quem vai ler tal texto, ultrapassa a mera ocorrência de expedientes coesivos. No geral, a coesão se define como um recurso de encadeamento dos segmentos dos textos, de maneira que seja assegurada a necessária continuidade e a imprescindível unidade que caracterizam as realizações textuais apropriadas e relevantes. Se não esgota os meios requeridos para que esta continuidade e esta unidade se efetivem, representa, ainda assim, uma das condições para que seja providenciada a coerência da textualidade.
       Sendo assim, o que para um leitor é texto, não necessariamente poderá ser para outro, tudo irá depender dos intuitos cognitivos de cada um, do contexto em que está ensirido, dentre outros fatores responsáveis pelo sentido. De tal modo, aprofundar-se nos estudos sobre coesão é, de certa forma, explorar também a coerência, tendo em vista que quem constroi sentido para o texto é o próprio leitor ao interagir com ele. 

sábado, 2 de outubro de 2010

Algumas Certezas

Certeza (Fernando Sabino)
De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Refletindo...

"Grandes realizações são possíveis quando se dá importância aos pequenos começos."(LAO-TSÉ,filósofo chinês.)